Combati o Bom Combate
Sempre no final dos jogos de futebol são feitas entrevistas aos times e sabemos que tanto o time perdedor quanto o vencedor é entrevistado.
Os vencedores sempre dizem algo como: “Bem, foi um bom dia. Fomos capazes de executar nosso plano de jogo e tudo acabou bem”.
Os perdedores dizem coisas como: “Bem, não foi um bom dia. Não conseguimos executar nosso plano de jogo e os adversários tiveram sorte.”
Você vai concordar comigo: é muito mais fácil analisar o que já aconteceu, pois o jogo já terminou. E olhar para trás e ver o que você fez de certo e de errado é muito mais simples.
No entanto, difícil é olhar para frente e ver o que ainda vai acontecer, pois, em nossa mente limitada ao presente, o futuro é um pouco difícil de ser vislumbrado e ,normalmente, somos surpreendidos por ele.
Note que os versos de 2º Timóteo 4.6-8 é a própria entrevista do Apóstolo antes findar a sua trajetória.
Combati o Bom Combate
Seu ministério havia acabado e ele está assentado em uma prisão romana. Não poderia olhar e ver uma grande jornada a sua frente, pois o sua execução estava nas mãos do governo romano.
O apóstolo Paulo sabe que o seu tempo está findando, mas ele quer nos deixar uma entrevista antes de partir.
Paulo escreve o seu próprio epitáfio (palavras colocadas nas lápides do ente-querido no dia do enterro) antes de sua morte .
“Porque quanto a mim, estou sendo já derramado por libação” (V. 6)
Entre os israelitas, uma libação consistia em derramar líquido, geralmente vinho forte, sobre o holocausto, no altar. Por ser inflamável, ele queimava bem e ajudava a queimar o próprio holocausto, produzindo um cheiro agradável. Era sempre derramado, nunca bebido.
O apóstolo Paulo se refere a essa libação quando diz que se alegra e congratula com os crentes em Filipos mesmo sendo oferecido por libação sobre o sacrifício da sua fé (Filipenses 2:17).
É uma belíssima figura de linguagem, ilustrando o que a vida do crente realmente deveria ser.
A vida do crente deve ser uma libação, “despejada” agradavelmente diante de Deus e consumida de tal forma que a única coisa que se veja depois é o bendito cheiro de Cristo Jesus, nosso Salvador.
O Tempo da Partida
“O tempo (kairós) de minha partida é chegado”. (v.6)
Significado no original: soltar um navio da terra firme ao mar.
Havia chegado um tempo de encontrar o seu Senhor, amado da sua alma e por aquele que o apóstolo havia dedicado a sua vida.
Nesse contexto de partida desse mundo, o apóstolo fala aqui sobre três elementos que ilustram a sua trajetória: a guerra, a caminhada e a fé.
I – A nossa guerra neste mundo – “Combati o bom combate”
A palavra “combate” denota esforço, luta, sacrifício e agonia.
E tais palavras eram usadas nos dias do Paulo para se referir aos jogos populares na antiga Grécia, onde jogadores lutavam uns com os outros pela vitória.
O desejo de Paulo é lembrar-nos que, como crentes, não estamos em um parque de diversões, mas um campo de batalha.
E as palavras que definem a vida dos salvos em Cristo são: “esforço”, “batalha” e “sacrifício”.
Então vejamos o que a Bíblia tem a dizer sobre as batalhas que enfrentamos:
1 – A Nossa Entrada Nesta Guerra
Nós entramos nessa briga logo após nascer de novo.
Quando uma pessoa é salva ela se torna uma criatura espiritual: “se alguém está em Cristo, nova criatura é...” (2 Coríntios 5:17).
Antes da conversão não tínhamos vida espiritual, estávamos mortos espiritualmente em nossos pecados (Ef. 2:1), andávamos segundo o curso deste mundo e de acordo com as obras do diabo.
O problema é que o velho homem continua vivo e isso gera um tremendo conflito espiritual dentro de nós (Gal 5. 16-17).
A velha natureza ainda deseja os velhos modos de vida, mas a nova natureza quer agradar ao Senhor.
E também lutamos contra o inimigo de nossas almas, que fará de tudo para fazer-nos esmorecer na fé.
E, quanto mais eu busco ao Senhor, mais as batalhas se intensificam, pois o adversário fica totalmente insatisfeito com o meu posicionamento diante de Deus.
2 – Quem é o Nosso Inimigo:
O nosso irmão nunca é o inimigo.
Pode até ser usado pelo inimigo para seus propósitos (Ef. 06:12).
O nosso verdadeiro inimigo é Satanás, que às vezes se apresenta até como anjo de luz para nos enganar.
Ele se esconde para que lutemos contra o inimigo errado.
Uma pessoa pode ser uma ferramenta na mão do diabo, pode falar palavras do diabo, pode cooperar para os propósitos do diabo, mas essa pessoa nunca é o diabo.
É necessário orarmos por quem nos persegue e lutarmos contra o inimigo verdadeiro.
3 – Quais são as nossas armas
Uma vez que a nossa batalha não é de natureza carnal, temos que usar armas espirituais (2 Cor. 10: 3-5).
Pessoas carnais se valem de armas carnais.
As armas do mal são calúnias, ataques pessoais, injustiça, retaliações etc. Mas a arma do crente é retribuir o mal com bem, orando pelos seus opositores.
“Pois, embora vivamos como homens, não lutamos segundo os padrões humanos. As armas com as quais lutamos não são humanas; pelo contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas”. (2 Coríntios 10:3-4)
4 – De onde vem a nossa força
Paulo não está dizendo que o sucesso do seu combate se deve as suas próprias forças, mas que a sua força vem do Senhor.
Não temos que lutar por meio do nosso próprio poder, mas temos que nos revestir do poder do Senhor para vencermos essa guerra (Ef. 6:10).
II – A Nossa Caminhada – “terminei a corrida”
Paulo sai da arena de luta livre para a pista de corrida.
Ele tem em mente os atletas nos jogos gregos, que tinham que percorrer grandes distâncias, na esperança de ser o vencedor.
1 – Paulo fala da nossa Corrida
A palavra “Carreira”, literalmente, refere-se a um “curso ou uma corrida”.
Paulo apenas nos lembra que todos nós temos uma corrida para correr! Esse pensamento encontra eco em Hebreus 12: 1-3:
“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta,
Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”.
Não há competição nesta corrida: eu não estou competindo contra você nem você está competindo contra mim e se tivermos ciúme ou inveja da corrida de alguém, isso nos fará tropeçar e perder a nossa própria corrida.
O Senhor determina como será a sua corrida: a nossa caminhada individual é projetada por Deus. Ele decide se o caminho é fácil ou difícil. Ele decide onde corremos e quanto tempo corremos. Então corra onde Deus te colocou para correr e não mude a sua trajetória.
Apenas o Senhor pode te ajudar na sua corrida: a ajuda do irmão é limitada, por isso temos que correr olhando para aquele que é o autor e consumador da nossa fé.
2 – Paulo fala da nossa realidade
Quando Paulo usa o termo “terminei a corrida”, se você ouvir atentamente, você quase pode ouvir o apóstolo dizer: “Ufa !”.
Não é fácil a caminhada. O caminho é estreito!
A corrida é difícil, às vezes, é fácil errar o caminho ou desistir dele.
Somos advertidos em Hebreus 12: 2 a se livrar de qualquer coisa que possa nos impedir de correr uma boa corrida!
Você pode terminar bem, se você mantiver seus olhos em Jesus!
3 – Paulo Fala da Recompensa
Os corredores na Grécia antiga competiam para ganhar uma coroa feita de folhas de louro. Coroas que rapidamente pereciam.
Nossa recompensa vem DO SENHOR: Paulo olha para além da linha final em que ele está e contempla o dia em que o Senhor Jesus Cristo lhe dará uma coroa que nunca irá perecer!
Ele está nos dizendo para continuarmos correndo e não esperarmos recompensa de homens. Basta executar a corrida, porque o lugar do pagamento não é aqui, é nos céus!
4 – O Senhor é o justo Juiz
Ele está vendo a sua corrida, o seu esforço e vendo tudo o que você faz. Note que Paulo chama de “justo juiz”. Continue correndo e olhando para Ele, pois Ele vai lhe recompensar.
Os juízes deste mundo (também os que condenaram o apóstolo) frequentemente são injustos.
Igualmente é sabido que os árbitros olímpicos não decidem sempre com justiça, mas se deixam subornar.
Jesus, porém, é o Juiz justo que julga com total perfeição.
III – A Nossa Fé – “Guardei a fé”
Apesar de todo o combate e de ter que percorrer com esforço a sua corrida, Paulo não se esfriou na fé, não esmoreceu, mas preservou a mensagem de Deus viva em sua alma.
1 – As lutas não podem roubar a nossa fé
Paulo está preso em uma cadeia romana, à beira da morte, sentenciado pelo governo romano.
Seria em breve decapitado, mas tal coisa em nada alterou o seu amor por Jesus.
2 – Todos podem nos abandonar, mas o Senhor não:
“Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão”. (2 Timóteo 4:16-17)
Haverá dias em que você terá que caminhar sozinho, ninguém te ajudará, mas terá que manter seus olhos no Senhor e não parar a corrida. combati o bom combate
Conclusão
Que tipo de epitáfio colocariam em sua lápide?
Quando você chegar ao final da sua vida, você vai ser capaz de olhar para trás e dizer: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”?
Após a partida deste mundo, após terminarmos a carreira, devemos ser capazes de dar um testemunho honroso ao Senhor.
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