O jejum bíblico, dentro da fé cristã, é considerado uma prática espiritual de extrema importância e significado.
Esta prática tem suas raízes profundamente enraizadas nas escrituras sagradas, sendo uma forma de sacrifício vivo, devoção e busca pessoal pela comunhão com Deus.
O jejum bíblico é um ato voluntário, no qual o indivíduo se abstém de alimentos durante um período determinado.
Essa abstinência tem como objetivo principal direcionar toda a atenção e energia para a busca de uma conexão mais profunda com o Senhor.
Neste artigo, exploraremos mais profundamente o que é o jejum bíblico, seus tipos, propósitos, como fazê-lo e como encontramos orientação nas Escrituras para essa disciplina espiritual.
Se você é um cristão que deseja entender melhor o jejum bíblico e como praticá-lo de acordo com os princípios da fé cristã, continue lendo.
O Que é Jejum Bíblico
Para compreender o jejum bíblico, é essencial voltar-se para as Sagradas Escrituras, onde encontramos sua base.
Hoje em dia, há muitos cristãos que não estão familiarizados com o que a Bíblia ensina sobre o jejum.
Alguns receberam ensinamentos equivocados, enquanto outros não receberam nenhum ensinamento sobre o assunto.
Acredito que a Igreja atual está dividida entre dois extremos: aqueles que não dão importância ao jejum e aqueles que o enfatizam excessivamente.
O jejum, de acordo com a Bíblia, é a prática voluntária de abster-se de alimentos por um período determinado, com o objetivo de se dedicar à oração, reflexão espiritual e busca por Deus.
Tenha em mente que o jejum bíblico não deve ser confundido com dietas comuns ou restrições alimentares por razões de saúde.
É um ato de adoração e submissão a Deus, uma forma de nos aproximarmos Dele em um estado de humildade e dependência.
Na Bíblia, não existem regras estabelecidas sobre quando, quanto ou que tipo de jejum praticar, pois isso é uma escolha pessoal.
No entanto, o jejum é mencionado como uma recomendação bíblica e possui princípios que devem ser compreendidos e adotados.
Tipos de Jejuns Bíblicos
Existem diferentes tipos de jejuns bíblicos mencionados na Palavra, cada um com suas peculiaridades e propósitos específicos. Alguns dos principais tipos de jejum são:
Jejum Parcial
O jejum parcial é geralmente praticado por períodos mais longos e quando a pessoa não consegue se abster completamente de alimentos (devido ao trabalho, por exemplo).
Encontramos informações sobre essa forma de jejum no livro de Daniel.
“Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas.”
Daniel 10:2,3
O profeta Daniel especifica que ele se absteve de consumir carne, vinho e manjar desejável.
É possível que ele tenha seguido uma dieta baseada em frutas e legumes, mas não temos certeza.
O importante é que ele se privou de certos alimentos, embora não deixou de comer completamente.
Mesmo escolhendo essa forma “menos rigorosa” de jejum, ele se dedicou a ela por três semanas, ou seja, 21 dias.
Jejum Normal
É a abstinência de alimentos, mas com a ingestão de água, foi a forma pela qual nosso Senhor Jesus optou por jejuar no deserto.
Nesse relato do evangelho não há nenhuma menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter sentido sede, mesmo estando em um deserto, veja:
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles dias, ao fim dos quais teve fome.”
Mateus 4:2
Chamamos essa forma de jejum de normal, pois a consideramos a mais adequada para jejuns regulares, como o de um dia.
Jejum Total
É a abstinência de tudo, incluindo a água. Na Bíblia, encontramos poucas referências de alguém jejuando sem água, e isso é limitado a um máximo de três dias.
A água não é considerada um alimento, no entanto, ela é essencial para manter a funcionalidade normal dos rins e evitar o acúmulo de toxinas no corpo.
Existem apenas dois exemplos bíblicos desse tipo de jejum, um no Antigo Testamento e outro no Novo Testamento.
1) Ester, em um momento de crise em que os judeus estavam condenados à morte por um decreto do rei, pediu a seu tio Mardoqueu que reunisse todos os judeus em Susã e jejuassem por ela.
Ela pediu que não comessem nem bebessem por três dias, tanto de dia quanto de noite.
2) Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao impacto da revelação que recebera: “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu.” (Atos 9:9).
Não há registro de nenhum outro jejum total que seja mais longo do que estes (exceto o jejum SOBRENATURAL de Moisés e Elias, em uma condição diferente que será explicada em outro artigo).
A medicina alerta que um período de mais de três dias sem água é prejudicial.
Ao jejuar, devemos cuidar do nosso corpo e não agredi-lo; lembre-se de que você estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos), não contra seu físico.
Para Que Serve o Jejum Segundo a Bíblia
Diferente do que a religião nos ensina, o jejum bíblico possui apenas um propósito principal e central, centrado na busca por Deus e no crescimento espiritual.
A seguir irei mencionar para que serve o jejum bíblico, mas antes quero deixar claro para que ele não serve.
O jejum não serve para mudar a Deus, pois Ele é o mesmo antes, durante e depois de seu jejum. Mas, jejuar mudará você. Vai lhe ajudar a manter-se mais suscetível ao Espírito de Deus.
Jejum não faz Deus ser mais bondoso ou misericordioso conosco, mas está relacionado diretamente à nossa necessidade de superar as limitações e obstáculos do corpo.
O que Jesus nos ensina sobre o Jejum na bíblia?
Jesus ensinou sobre o jejum, mostrando que ele serve para deixar nosso espírito desperto, já que ele mortifica a carne e aflige nossa alma.
Isso nos revela a importância desse ato e nos mostra o seu valor.
“Ninguém põe vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho romperá os odres; e tanto se perde o vinho como os odres. Mas põe-se vinho novo em odres novos.”
Marcos 2:22
O odre era um recipiente fabricado com pele de animais, que passava por um processo de preparação adequado. Entretanto, com o passar do tempo, o odre envelhecia e se tornava seco.
O vinho, por sua vez, consistia no suco extraído das uvas que fermentava naturalmente dentro do odre.
Portanto, para a produção de vinho novo, era aconselhável utilizar um recipiente de pele (odre) que não se rompesse durante a fermentação.
Nesse sentido, o odre novo era considerado o recipiente ideal.
Através dessa ilustração, Jesus nos ensina que o vinho novo (o Espírito Santo) deve ser colocado em recipientes novos, e nosso corpo quando renovado é esse recipiente.
A Bíblia nos mostra que o jejum tem o poder de “renovar” nosso corpo.
As escrituras ensinam que a carne está em constante conflito com o espírito, e a forma mais eficaz de receber o vinho, o Espírito Santo, é através da mortificação da carne.
O jejum bíblico não serve como uma ‘varinha magica’
Há pessoas que acreditam que o jejum é uma solução mágica para resolver problemas, mas não devemos ter essa abordagem equivocada.
Quando jejuamos, não devemos depositar nossa fé no jejum em si, mas sim em Deus.
A resposta às nossas orações é facilitada pelo jejum, pois através dessa prática estamos liberando nosso espírito na batalha constante contra os desejos carnais, e é por isso que ocorrem algumas manifestações.
Por exemplo, a fé pertence ao espírito e não a carne.
Portanto, ao jejuar, estamos eliminando as impurezas do carne e permitindo que nossa fé se manifeste.
Quando Jesus disse aos discípulos que não conseguiram expulsar um demônio por não jejuarem (Mateus 17:21), ele não restringiu o problema apenas a isso, mas mencionou a falta de fé (Mateus 17:19,20) como um fator crucial para o fracasso daquela tentativa de libertação.
O jejum é como um apoio para fortalecer a fé.
A vitória sobre o inimigo é alcançada através do sacrifício de Cristo na cruz e do poder do seu nome.
O jejum em si não é a fonte da vitória, ele apenas ajuda a liberar a fé para enfrentar as batalhas e nos fortalece, tornando-nos mais conscientes da autoridade que nos foi concedida.
Jejum Bíblico: Como Fazer
A prática do jejum bíblico deve ser feita com sabedoria e discernimento.
Aqui estão algumas diretrizes para aqueles que desejam jejuar de acordo com os princípios cristãos:
- Tenha um Propósito Claro: Antes de iniciar um jejum, tenha em mente o propósito bíblico envolvido. Esteja ciente do que você está buscando ou o que deseja alcançar com o jejum.
- Comece Gradualmente: Se você é novo no jejum, comece com algo mais leve, como um jejum parcial, e vá progredindo gradualmente.
- Mantenha-se Hidratado: Mesmo durante um jejum normal, é importante manter-se hidratado. Beba água regularmente para evitar a desidratação.
- Dedique Tempo à Oração e Leitura da Bíblia: Use o tempo que você normalmente gastaria em refeições para se dedicar à oração, meditação e leitura das Escrituras.
- Termine o Jejum Gradualmente: Ao encerrar o jejum, não se apresse em consumir grandes quantidades de comida. Introduza alimentos de forma gradual para evitar desconfortos gastrointestinais.
Manual Bíblico do Jejum
A Bíblia é a nossa principal fonte de orientação para o jejum bíblico.
Ela oferece exemplos, ensinamentos e promessas que podem ser uma bússola durante essa jornada espiritual.
Abaixo quero deixar 2 versículos-chave sobre o jejum que falam muito comigo, são eles:
- Isaías 58:6-7: “Porventura não é este o jejum que escolhi? Que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas da tua carne?”
- Mateus 6:16-18: “Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas sim a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”
Incentivo à prática do jejum bíblico
O jejum bíblico é uma prática espiritual profunda que pode enriquecer nossa vida de fé.
No entanto, é importante lembrar que o jejum não é uma obrigação imposta na bíblia, mas uma oportunidade para crescer em intimidade com Deus.
Jesus desejou que jejuássemos como forma de nos aproximarmos de Deus e fortalecermos nossa fé.
O jejum é uma oportunidade de nos purificarmos e nos desapegarmos das coisas terrenas, direcionando nossa atenção para o mundo espiritual.
Ao jejuarmos, estamos demonstrando nossa disposição em sacrificar algo terreno em prol de um propósito maior.
É uma forma de demonstrar nosso comprometimento com a busca pela santidade e pela vontade de Deus.
Portanto, quero incentivar você a embarcar nessa prática do jejum, buscando o fortalecimento espiritual e a aproximação com o Senhor.
Seja qual for o tipo de jejum que escolher – parcial, normal ou total -, faça-o com sinceridade e coração aberto.
Permita que essa experiência transforme sua vida e traga uma nova perspectiva espiritual.
